Boneca de Pano do Fundo da Caixa


Na época que eu estava na quinta série,me sentia absolutamente sozinha e carente dentro da sala.
Que dias!!! eram aqueles.....
No meio de tanta gente eu me sentia a boneca de pano do fundo da caixa velha, esquecida no fundo da sala de aula. 
E para piora carregava um sotaque nordestino medonho que levava todos aos risos naquela sala. E  de arrepiar!!!
Meu Deus!!! 
Comecei  a entrar muda e sair calada para não ser alvo de chacota.
Mas nem sempre foi assim.
Quando conheci  uma garota tranquila e sossegada ,Regina  que sentava-se no fundo da sala ,  cheia de anéis e pulseiras, e sabia matemática como ninguém,  Eu nem imaginava que ali nasceria uma  amizade sincera.
 Regina sabia viver os momentos com intensidade, era muito,muito feliz e querida por todos.
 Regina já tinha varias amigas ao contrario de mim, então nos aproximamos e fui agregada ao seu grupo. 
Éramos muito diferente, no grupo havia a Elaine  bonita,quietinha, Ana agitada cheia de ideias, Regina a tranquila, mediadora,  que fazia o grupo conviver tranquilamente, e eu a mais nova do grupo  cheia de complexo com a autoestima baixa, e ainda uma  BV.( boca virgem).
Regina e Eu amigas para sempre é o que queríamos ser. 
Que delicia!
 Íamos na biblioteca em Santo Andre, cantava-mos dentro do ônibus, paquerava-mos os carinhas, que curtição.
 Era o Maximo!
Havia um combinado, quando saiamos ninguém podia ficar de vela( ficar sobrando no meio do casal) então uma  arranjava companhia para outra, na frente da casa da Regina brincavas-mos de voley no meio rua,  com shorte bem curtinho só para os carinhas ficar olhando nosso jogo e nossas pernas, claro! Já tínhamos idade para isso!
Tudo, absolutamente tudo, pela atenção dos garotos mais lindo daquela rua , ual!!! Aquela rua chovia carinha lindo.
Todo sábado encontravas-mos na casa da Regina,  era um pointer ,sua mãe,pai e irmão todos eram agradáveis e felizes. Ah!! Que encanto de família.
  Aquela boneca já saira da caixa e não era mais sozinha, sorria, paquerava e  vivia intensamente a adolescências ,  viver aquela amizade com a Regina  me fazia muito bem, me fez abrir os olhos enxergar as pessoas ao meu redor com amor.
Quando chovia comia-mos pipoca caramelizada que a Rê fazia  com chá -mate , e ali dava-mos risada, falava-mos dos meninos da escola, da rua, não existia  face,tuiter,Orkut ou sequer celular para mandar recadinhos então mandava-mos um papel de bala,  com um nó que significava,  (me da um beijo, dois nós significava um beijo prolongado) e era difícil dar dois nós no papel de bala, mas a Rê era craque e fazia direitinho.
Aquele  foi um ano mágico, nós estávamos conhecendo o mundo, os meninos os sonhos que tínhamos para o futuro e todas nós vivemos intensamente . Algumas vezes tínhamos que pregar algumas mentirinhas para nossos pais para escapar um pouco, e ir em algum bailhe  mas nunca fomos muito longe.
Até que uma a uma, foi amadurecendo, fazendo escolhas, priorizando atitudes, pensamentos e planejando novos rumos, tudo diante dos meus olhos, vi todas elas aflorar como se fossem flores, e até aprendendo com erros,
  passamos a nos encontrar só na sala de aula.
A distancia foi ocorrendo tão rápido que quando percebemos já, estávamos afastadas, e só sobrou eu, sem namorado, sem perspectiva de vida e sem planejamento, sozinha outra vez. Que bach!!!
Mas em pouco tempo namorei e me casei. Ueba!!!!
Minha  amiga Regina foi  ao meu casamento, me aconselho sorrimos juntas e me desejou toda, toda felicidade do mundo só pra mim e disse amigas para sempre é o que devemos ser. 
Alguns anos se passaram e maternidade nos visitou por três vezes e tivemos duas filhas e um filho.
Que feliz coincidência.
Aquela boneca de pano foi encontrada e conheceu a alegria da verdadeira amizade.
Hoje falo da querida e saudosa Regina, como a única amiga que tive na adolescência e que sabia ser amiga de verdade.
QUE SAUDADES!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


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