Intimidade


INTIMIDADE

(Texto publicado no jornal de Guaianases, cidade de São Paulo, podendo ser trocado por “TREM”)


Hoje quero explicar o real sentido da palavra intimidade dentro do transporte público.
Dia sim e outro também os usuários do transporte coletivo se familiarizam uns com os outros.
Que lindo!
Manhã de segunda-feira, dia em que todos resolvem ir ao marcar médico, procurar emprego e claro, trabalhar.
Sete da manhã é a hora do encontro.
Que fofo!
Um povo cheiroso, acolhedor, e aparentemente feliz.
É dada a largada: que entre o mais ligeiro e sente-se quem puder.
Após adentrar aquele imenso espaço, você se depara com total intimidade, cheiro de cangote, respiração boca a boca, sovaco na cara, bunda com bunda, peito com peito, enfim, uma troca de ácaros, e a diversidade de fragrâncias.
Que terrível intimidade!
Troca-se sorrisos, olhares, cotoveladas, alguns socos e xingamentos.
Há quem diga que a intimidade às vezes começa meio amarga.
Batedores de carteiras, esses estão presentes sempre, afinal é o ofício deles.E todos se apertam, se sufocam na longa viagem e complexa intimidade, dividindo o mesmo espaço.
É bom lembrar que tem muita gente contribuindo para uma intimidade duradoura, e não se trata de cupido. Todas as manhãs o metrô fica ainda mais lento, como se soubesse que intimidade precisa de tempo.
E aquela doce voz dizendo: “atenção senhores passageiros, o metrô...” ou “...desculpe o transtorno”.
Embora não seja novidade, é muito triste que toda essa intimidade seja uma mentira.
Todo companheirismo que se fez presente na viagem não passou de um caô. Ninguém quer ser íntimo em viagem de metrô; cada um tem seus interesses, suas expectativas e angústias.
Roseli Silva – São Paulo – SP

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